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domingo, 2 de setembro de 2018

Prevalencia de arritmias ao Holter de 24h em pacientes Chagásicos





Prevalencia de arritmias ao Holter de 24h em pacientes Chagásicos avaliados entre julho 2017 a março 2018
 MELLO, R.N.B. , ALVARENGA, T.B., ALVARENGA, R.C., RUBACK, J.E.N..

INTRODUÇÃO

As alterações eletrocardiográficas mais prevalentes nos pacientes com Doença de Chagas são os distúrbios de condução pelo ramo direito e o hemibloqueio anterior esquerdo, alcançando 50% nos pacientes deste grupo. Essas alterações nos sistemas de condução podem ser evolutivas, como os retardos de condução atrioventricular. A disfunção do nó sinusal também pode ser causa de bradicardias. Já as arritmias atriais tendem a ocorrer na evolução da cardiopatia com disfunção ventricular avançada. É fundamental observar que, embora também em indivíduos normais possam aparecer batimentos ectópicos ventriculares durante o registro de um simples ECG, quando isto é verificado em paciente com Cardiopatia Chagasica, o significado desta alteração é radicalmente diverso e, usualmente, indica que a arritmia ventricular é parte integrante de sua síndrome e constitui elemento de forte conotação prognóstica. Também sintomas sugestivos de síndromes arrítmicas tornam mandatória a monitorização de ECG com Holter avaliando tanto episódios de taquiarritmias como de bradicardias para a estratificação de risco destes pacientes. O registro durante pelo menos 24 horas permite quantificar a densidade das ectopias ventriculares, detectar episódios de taquicardia ventricular não-sustentada ou sustentada, bem como determinar a duração das pausas sinusais e das assistolias de várias origens. É oportuno lembrar que para a composição do escore de Rassi, estimativo do risco de morte em pacientes com Cardiopatia Chagásica, o Holter de 24 horas é essencial para avaliar o critério prognóstico, com valor independente, da taquicardia ventricular não-sustentada . Nesse levantamento procurou-se observar a prevalencia de diferentes arritmias em pacientes chagasicos.

Análise dos Holter de 24h:
Foram analisados  Holter de 24h de 38 pacientes chagásicos entre junho de 2017 e março de 2018 das cidades de Minas Gerais incluindo Sete Lagoas, Matozinhos, Pudente de Morais, Capim Branco e Inhauma.
Os eventos registrados como significativos (arritmia complexa) ao Holter de 24h foram: Fibrilação atrial, Flutter atrial, Doença do nó sinusal, Doença do nó AV (> BAV 1º), portadores de Marcapasso, ectopia supraventricular frequente (> 1% do total do QRS analisado), ectopia ventricular frequente (> 1% do total QRS analisado), pausas > 2,5s. TVNS e TVS.
76,32% dos pacientes chagásicos independente do presença de bloqueio de ramo apresentaram arritmia diagnosticada ao Holter 24h.
Dos 38 pacientes analisados, 8 não apresentaram nenhum evento significativo.
A arritmia mais comumente encontrada foi a taquicardia atrial (47,37%). A menos frequente foi o Flutter atrial em apenas 1 paciente (2,63%).
28,95% dos pacientes  portadores de Marcapasso.


80% ou mais dos pacientes com bloqueio de ramo apresentavam arritmias complexas ou não ao Holter de 24h.
88,89% dos eventos de taquicardia ventricular (TV) diagnosticadas ao Holter, foram evidenciadas nos pacientes chagásicos com bloqueio de ramo.

PREVALENCIA REAL DE ARRITMIAS NA POPULAÇÃO CHAGASICA SEM BLOQUEIO DE RAMO: 40%

PREVALENCIA REAL DE ARRITMIAS NA POPULAÇÃO CHAGASICA COM BLOQUEIO DE RAMO E QRS > 150MS: 80%

PREVALENCIA REAL DE ARRITMIAS NA POPULAÇÃO CHAGASICA
COM BLOQUEIO DE RAMO E QRS < 150MS: 87,50%

PREVALENCIA DE ARRITMIAS COMPLEXAS NA POPULAÇÃO CHAGASICA: 71,05%

PREVALENCIA DE ARRITMIAS COMPLEXAS NA POPULAÇÃO
CHAGASICA SEM BLOQUEIO DE RAMO: 40%

PREVALENCIA DE ARRITMIAS COMPLEXAS NA POPULAÇÃO
CHAGASICA COM BLOQUEIO DE RAMO E QRS > 150MS: 80%

PREVALENCIA REAL DE ARRITMIAS NA POPULAÇÃO CHAGASICA
COM BLOQUEIO DE RAMO  E QRS < 150MS: 87,50%

GRAFICO COMPARATIVO DA PREVALENCIA DE ARRITMIAS COMPLEXAS OU NÃO NOS PACIENTES CHAGASICOS COM OU SEM BLOQUEIO DE RAMO


PREVALENCIA DE TVNS NA POPULAÇÃO CHAGÁSICA ESTUDADA: COMPARANDO A POPULAÇÃO EM GERAL, COM BLOQUEIO DE RAMO E SEM BLOQUEIO DE RAMO

PREVALENCIA DE BLOQUEIO DE RAMO NOS PACIENTES
COM TVNS

Discussão
Constatamos que arritmias complexas ou não foram mais prevalentes nos pacientes chagásicos com bloqueio de ramo independente da duração do QRS. A análise do Holter em pacientes chagásicos independente da presença de comprometimento cardíaco estutural deve ser feita anualmente visando dessa forma diagnosticar arritmias subclinicas ou oligosintomaticas que pioram o prognostico desses pacientes.


Conclusão
Os pacientes chagásicos tem uma maior prevalência de arritmias cardiacas significativas diagnosticadas ao Holter comparativamente a população em geral.  Devendo portanto realizarmos investigação propedeutica anual para estratificação do status cardiaco, visando identificar precocemente critérios de pior prognostico, afim de que seja possível adotar condutas propedeuticas e terapeuticas mais adequadas.

Referências Bibliográficas:
1. Andrade JP, Marin-Neto JA, Paola AA, Vilas-Boas F, Oliveira GM, Bacal F, et al; Sociedade Brasileira de Cardiologia. [I Latin American guidelines for the diagnosis and treatment of Chagas cardiomyopathy]. Arq Bras Cardiol. 2011;97(2 Suppl 3):1-48. PMID: 21952638.
2. Marin-Neto JA, Rassi A Jr. Update on Chagas heart disease on the first centenary of its discovery. Rev Esp Cardiol. 2009;62(11):1211-6. PMID: 19889330.
3. Wanderley DM, Correa FM. Epidemiology of Chagas' heart disease. Sao Paulo Med J. 1995;113(2):742-9. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1516- 31801995000200003.
4. Rassi A Jr, Rassi A, Marin-Neto JA. Chagas disease. Lancet. 2010;375(9723):1388-402. doi: 10.1016/S0140-6736(10)60061-X.
5. World Health Organization. (WHO). UNICEF/UNDP/World Bank/ WHO Special Programme for Research and Training in Tropical Diseases., Pan American Health Organization. Reporte del grupo de trabajo científico sobre la enfermedad de Chagas : 17-20 de abril
6. Rassi A Jr, Rassi A, Rassi SG. Predictors of mortality in chronic Chagas disease: a systematic review of observational studies. Circulation. 2007;115(9):1101-8. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.106.627265.



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