Prevalencia de arritmias ao Holter de 24h em pacientes Chagásicos
avaliados entre julho 2017 a março 2018
MELLO, R.N.B. , ALVARENGA, T.B., ALVARENGA, R.C., RUBACK, J.E.N..
INTRODUÇÃO
As alterações eletrocardiográficas mais prevalentes nos pacientes com
Doença de Chagas são os distúrbios de condução pelo ramo direito e o hemibloqueio anterior esquerdo, alcançando 50% nos pacientes deste
grupo. Essas alterações nos sistemas de condução podem ser evolutivas, como os
retardos de condução atrioventricular. A disfunção do nó sinusal também pode
ser causa de bradicardias. Já as
arritmias atriais tendem a ocorrer na evolução da cardiopatia com disfunção
ventricular avançada. É fundamental observar que, embora também em indivíduos
normais possam aparecer batimentos ectópicos ventriculares durante o registro
de um simples ECG, quando isto é verificado em paciente com Cardiopatia Chagasica, o significado desta alteração é radicalmente diverso
e, usualmente, indica que a arritmia ventricular é parte integrante de sua
síndrome e constitui elemento de forte conotação prognóstica. Também sintomas
sugestivos de síndromes arrítmicas tornam mandatória a monitorização de ECG com Holter avaliando tanto episódios de taquiarritmias como de bradicardias para a
estratificação de risco destes pacientes. O registro durante pelo menos 24
horas permite quantificar a densidade das ectopias ventriculares, detectar
episódios de taquicardia ventricular não-sustentada ou sustentada, bem como
determinar a duração das pausas sinusais e das assistolias de várias origens. É oportuno lembrar que para a composição do escore
de Rassi, estimativo do risco de morte em
pacientes com Cardiopatia Chagásica, o Holter de 24 horas é essencial para avaliar o critério prognóstico, com valor
independente, da taquicardia ventricular não-sustentada . Nesse levantamento procurou-se observar a prevalencia de diferentes arritmias em pacientes chagasicos.
Análise dos Holter de 24h:
Foram analisados Holter de 24h de 38 pacientes chagásicos
entre junho de 2017 e março de 2018 das cidades de Minas Gerais incluindo Sete
Lagoas, Matozinhos, Pudente de Morais, Capim Branco e Inhauma.
Os eventos registrados como significativos (arritmia complexa)
ao Holter de 24h
foram: Fibrilação atrial, Flutter atrial,
Doença do nó sinusal, Doença do nó AV (> BAV 1º), portadores de Marcapasso, ectopia supraventricular frequente (> 1% do total do QRS analisado),
ectopia ventricular frequente (> 1%
do total QRS analisado), pausas > 2,5s. TVNS e TVS.
76,32% dos pacientes chagásicos independente do presença de
bloqueio de ramo apresentaram arritmia diagnosticada ao Holter 24h.
Dos 38 pacientes analisados, 8 não apresentaram nenhum evento
significativo.
A arritmia mais comumente encontrada foi a taquicardia atrial
(47,37%). A menos frequente foi o Flutter atrial em apenas 1 paciente (2,63%).
28,95% dos pacientes
portadores de Marcapasso.
80% ou mais dos pacientes com bloqueio de ramo apresentavam
arritmias complexas ou não ao Holter de 24h.
88,89% dos eventos de taquicardia ventricular (TV)
diagnosticadas ao Holter, foram
evidenciadas nos pacientes chagásicos com bloqueio de ramo.
PREVALENCIA
REAL DE ARRITMIAS NA POPULAÇÃO CHAGASICA SEM BLOQUEIO DE RAMO: 40%
PREVALENCIA
REAL DE ARRITMIAS NA POPULAÇÃO CHAGASICA COM BLOQUEIO DE RAMO E QRS > 150MS:
80%
PREVALENCIA
REAL DE ARRITMIAS NA POPULAÇÃO CHAGASICA
COM
BLOQUEIO DE RAMO E QRS < 150MS: 87,50%
PREVALENCIA
DE ARRITMIAS COMPLEXAS NA POPULAÇÃO CHAGASICA: 71,05%
PREVALENCIA
DE ARRITMIAS COMPLEXAS NA POPULAÇÃO
CHAGASICA
SEM BLOQUEIO DE RAMO: 40%
PREVALENCIA
DE ARRITMIAS COMPLEXAS NA POPULAÇÃO
CHAGASICA
COM BLOQUEIO DE RAMO E QRS > 150MS: 80%
PREVALENCIA
REAL DE ARRITMIAS NA POPULAÇÃO CHAGASICA
COM BLOQUEIO DE RAMO E QRS <
150MS: 87,50%
GRAFICO COMPARATIVO DA PREVALENCIA DE ARRITMIAS COMPLEXAS OU
NÃO NOS PACIENTES CHAGASICOS COM OU SEM BLOQUEIO DE RAMO
PREVALENCIA
DE TVNS NA POPULAÇÃO CHAGÁSICA ESTUDADA: COMPARANDO A POPULAÇÃO EM GERAL, COM
BLOQUEIO DE RAMO E SEM BLOQUEIO DE RAMO
PREVALENCIA
DE BLOQUEIO DE RAMO NOS PACIENTES
COM TVNS
Discussão
Constatamos que arritmias complexas ou não foram mais prevalentes nos
pacientes chagásicos com bloqueio de ramo independente da duração do QRS. A
análise do Holter em pacientes chagásicos independente
da presença de comprometimento cardíaco estutural deve ser feita anualmente visando dessa forma diagnosticar arritmias subclinicas ou oligosintomaticas que pioram o prognostico desses pacientes.
Conclusão
Os pacientes chagásicos tem uma maior prevalência de arritmias cardiacas significativas diagnosticadas ao Holter comparativamente a população em geral. Devendo portanto realizarmos investigação propedeutica anual para estratificação do status cardiaco, visando identificar precocemente critérios de pior
prognostico, afim de que seja possível adotar condutas propedeuticas e terapeuticas mais adequadas.
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Circulation. 2007;115(9):1101-8. doi: 10.1161/CIRCULATIONAHA.106.627265.
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