PORTADOR DE CARDIOMIOPATIA CHAGÁSICA FORMA ARRITMOGÊNICA (CCA) COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO PRESERVADA (FEP) DEPENDENTES DE ESTIMULAÇÃO CARDÍACA ARTIFICIAL (ECA) QUE EVOLUI NO PÓS-OPERATÓRIO TARDIO COM INSUFICIÊNCIA CARDIACA (IC). QUAL É O MELHOR MOMENTO PARA INICIAR TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA E PROPEDÊUTICA COMPLEMENTAR?
Autores: Adriano Bizarro Villela Bettoni , Ana Cláudia Moreira Araújo, Danielle Chaves Padilha da Costa ,Estela Maris Moreira Costa, Gisele Rodrigues Purificate, Guilherme Honório Moreira, Jailton Neves Fernandes, Nayanne Avila Grochowski, Ricardo Negri Bandeira de Mello e Thiago Rocha Fagundes.
HOSPITAL VILA DA SERRA, BELO HORIZONTE / MG / BRASIL
INTRODUÇÃO
Pacientes com CCA usualmente apresentam alta densidade de arritmia ventricular, principalmente aqueles com alteração eletrocardiográfica, disfunção ventricular regional ou global e IC. Nesses pacientes, o Holter deve ser realizado independentemente dos sintomas para identificação de arritmias complexas (CR=IIa, NE=B).
O EEF também é empregado na investigação da síncope, especialmente quando os exames não invasivos são inconclusivos.
Publicações recentes mostram que pacientes com CCA que nescessitam de ECA por doença nodal sinusal e/ou nodal atrioventricular, quando
dependentes de estimulação ventricular direita (VD) acima de 50% do tempo apresentam dissincronização interventricular que leva a queda da fração de ejeção ventricular esquerda (FEVE) e IC.
OBJETIVO
Avaliar o melhor momento para iniciar terapêutica famacológica e propedêutica complementar nos pacientes com CCA e FEP dependentes de ECA que evolui com IC.
RELATO DE CASO
M.A.V. Masculino, 52 anos, portador CCA, hipertenso com quadro de pré-sincope e arritmia ventricular complexa.
Exames iniciais:
ECG: Ritmo sinusal, bloquei atrioventricular de 1º grau (BAV) , extrassístoles ventriculares monomórficas
Holter: > 30% arritmia ventricular polimórfica (AVP) , episódios de taquicardia ventricular polimóficas não sustentadas (TVNS), BAV 1º grau, periodos intermitentes de BAV 2º grau tipo Wenckeback e 2:1.
Ecocardiograma transtorácico: FEVE 62%, diâmetro diastólica (DDVE), sistólico (DSVE) do ventrículo esquerdo e do átrio esquerdo (AE) normais.
Teste ergométrico: Cronotropismo deprimido ao esforço e ectopia ventricular polimorfica.
EEF, TV POLIMORFICA, FV |
ECO 3 MESES APÓS MARCAPASSO DEFINITIVO
ECO APÓS TERAPIA OTIMIZADA PARA IC |
CONDUTA
Optou-se pela realização de estudo eletrofisiológico (EEF) seguido por ablação de arritmia ventricular de via de saída do VD, com redução da densidade da arritmia ventricular. Foi facilmente induzida taquicardia ventricular polimórfica sustentada hipotensiva após a infusão de isoproterenol com necessidade de cardioversão de emergência, sendo indicado implante de cardiodesfibrilador totalmente implantável (CDI) para prevenção primária de morte súbita.
Durante o implante do CDI observou-se degeneração para BAV total.
SEGUIMENTO
Durante as avaliações periódicas do CDI observouse dependência exclusiva da ECA. Pacing ventrincular acima de 94%.
Após 6 meses do implante do CDI apresentou piora da classe funcional (NYHA III) e queda da FEVE.
Ecocardiograma transtorácico: FEVE 43%, DDVE 56mm, DSVE 44mm.
Otimizado tratamento farmacológico para IC (espironolactone, losartana e carvedilol).
Após 6 meses, ecocardiograma transtorácico: FEVE 62%, DDVE 57mm, DSVE 3,9mm.
CONCLUSÃO
Sugerimos que o acompanhamento nesse grupo de paciente devem ser mais precoce possível, com um limite máximo de 3 meses após implante de marca passo (MP), devendo atentar para classe funcional e parâmetros ecocardiográficos, afim de priorizar o melhor momento para início do tartamento farmacológico apropriado.
Referências bibliográficas:
DE ANDRADE, Jadelson Pinheiro et al. I Diretriz Latino-Americana para o diagnóstico e tratamento da cardiopatia chagásica. Resumo executivo. Arq Bras Cardiol, v. 96, n. 6, p. 434-442, 2011.
PEREIRA, Francisca Tatiana Moreira. Aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes portadores de cardiopatia chagásica crônica com cardiodesfibrilador implantável. 2013.
BRAUNWALD - Tratado De Doenças Cardiovasculares - 9° edição – Cap 71 – Pag 1249 a 1655.
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